A
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO
Então agora, no finalzinho do ano, recebemos as
orientações sobre algumas tarefas do PNAIC, entre elas a leitura e síntese do
artigo intitulado “Aprofundando os conhecimentos: a organização do trabalho
pedagógico na alfabetização” sobre os principais pontos abordados no texto, de
autoria de Cleonara Maria Schwartz (Professora da Universidade Federal do
Espírito Santo); Dania Monteiro Vieira Costa (Professora do Instituto Ensinar
Brasil); Fernanda Zanetti Becali (Professora do Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia do Espírito Santo).
Fazendo a leitura deste texto fiz relação com
tudo o que vimos na interdisciplinar de “Alfabetização” e das ideias de Emília
Ferreiro e me fez reafirmar a ideia do quão importante é a mediação do professor
no processo de aquisição da leitura e da escrita das nossas crianças e o quão
importante é construir ambientes escolares e das salas de aula que sejam
suportes ao ensino da leitura e da escrita, no Ciclo de Alfabetização.
As práticas alfabetizadoras devem se constituir
em articulação com os diversos usos que se fazem da leitura e da produção oral
e escrita de textos na sociedade, já que é por meio da alfabetização que as
crianças se inserem no mundo da escrita e, ao mesmo tempo, exercem a cidadania.
A alfabetização inicial é um ponto de partida para a formação de cidadãos com
condições de agirem de forma crítica e inventiva no mundo.
Antes de entrar na escola as crianças já mantem
contato com muitas formas de escrita, umas mais outras menos. Crianças que
vivem em contextos em que a escrita faz parte de inúmeras atividades cotidianas
possivelmente conseguem compreender que as escritas significam algo, e, ao
entrarem na escola, conseguem compreender com mais facilidade usos e funções
sociais da escrita. Mas, há crianças cujas vivência em relação a escrita ficam
restritas, por exemplo, a presenciar assinaturas de documentos ou a leitura de
pequenas instruções que as orientam em alguma ação imediata. Por isso, para
essas crianças, a escola é um lugar privilegiado para a vivencia de variadas
situações de uso da escrita mais complexa. É na escola que a criança aprenderá
a ler e a escrever, mas também para se comunicar com os outros com quem
convive, para registrar ideias, para buscar informações, para ampliar as
possibilidades de participação na vida social, para se divertir, para
desenvolver a criticidade.
Vale destacar que, no interior da escola, a
sala de aula não se constitui como o único espaço de aprendizagem da leitura e
da escrita. Crianças e professores ensinam e aprendem em diferentes espaços e
tempos, por isso é importante explorar as escritas que existem na comunidade:
letreiros em lojas, placas de trânsito, nomes de ruas, placas de ônibus,
propagandas, bem como outras formas de escrita que aparecem no entorno da
escola.
Para a exploração da linguagem escrita com as
crianças e para uma organização adequada do trabalho pedagógico, o diálogo é o
elemento central nas práticas, pois através dele compreendemos o que as
crianças sabem sobre os usos que se fazem da escrita no meio social em que
vivem. Este diálogo deve ser um diálogo que incentiva, que remodela o pensado e
conduz a criança a participar ativamente do seu processo de aprendizagem, mas a
escola, muitas vezes, constrói uma rotina com organização do conteúdo que
limita a ação das crianças com a linguagem escrita, reduzindo suas
possibilidades de expressão.
Goulart (2006, p. 87) coloca que “às vezes,
preocupadas em demasia com os conteúdos, não paramos para conhecer nossos
alunos”. Por isso precisamos reconhecer que, considerar as crianças como
sujeitas de direitos de aprendizagem em cotidianos escolares, é permitir-lhes a
participação nos rumos de seu processo educativo, assegurando-lhes lugar de
protagonistas ou de autoras durante esse processo, pois, só assim, deixam de
ser objetos de situações de “ensinoaprendizagem” pensadas previamente pelos
professores, para se tornarem sujeitos participantes do processo.
Por isso é preciso repensar as formas de
organização do trabalho pedagógico na alfabetização e pensar a sala de aula, a
escola, como espaços dialógicos, de modo que a interação entre as crianças e a
professora possa ser facilitada. Se os espaços e/ou a organização dos alunos
devem ser mais flexíveis, é necessário disponibilizar para as crianças uma
diversidade de materiais portadores da linguagem escrita e de outras formas de
linguagem e, ainda, uma diversidade de maneiras de dispor/usar esses materiais
nas salas de aula de modo a permitir a leitura e a produção de textos.
Precisamos reforçar a relação das crianças com
objetos portadores de escrita a começar pela nossa sala de aula: cartaz com os
quatro tipos de alfabetos mais utilizados na escola e fora dela, fixado na
altura das crianças; alfabeto móvel; calendário; cartaz de aniversariantes;
cartaz do ajudante do dia; livros de literatura; papeis de carta para
incentivar a escrita; cartaz com as orientações sobre a convivência na sala de
aula; textos e letras de músicas trabalhados expostos na parede; fichas com o
nome das crianças com a letra cursiva e de forma maiúscula; materiais como
cadernos e livros; placas nomeando os objetos da sala de aula; entre outros. Como
disse Emília Ferreiro em uma entrevista à Revista Nova Escola, cujos vídeos
estão disponíveis no Youtube, precisamos
despertar na criança o interesse em decifrar o que está escrito, por exemplo,
em um livro, em uma placa de trânsito, em um cartaz, um letreiro de lojas e
mercados, em um anúncio, entre outros. Desta forma a criança começa a criar
concepções de escrita e começa a entender para que ela serve. Precisamos
transformar o espaço da sala de aula em um ambiente alfabetizador. Demonstrar
afeto pelo livro ao fazer uma leitura em voz alta para as crianças já desperta
seu interesse por este material de leitura. Para que tudo isso ocorra é
necessária a mediação do professor.
Quando pensamos no planejamento do trabalho
educativo na alfabetização devemos levar em consideração as necessidades de
aprendizagem que estão diretamente ligadas as respostas que damos a três
questionamentos: O que ensinamos? Como ensinamos? Para que ensinamos? Ensinar
as crianças a ler e a escrever é, acima de tudo, uma ação ética e responsável
por parte dos atores que envolvem esse trabalho, na medida em que se reconhece
a necessidade de reflexão e organização das ações necessárias para que
efetivamente as crianças aprendam a ler e a escrever.
Fonte da imagem: <http://uipi.com.br/noticias/geral/2013/04/02/professora-cria-projeto-em-sao-paulo-para-motivar-criancas-a-ler/> Acesso em 10/12/2016