sábado, 10 de dezembro de 2016

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO

Então agora, no finalzinho do ano, recebemos as orientações sobre algumas tarefas do PNAIC, entre elas a leitura e síntese do artigo intitulado “Aprofundando os conhecimentos: a organização do trabalho pedagógico na alfabetização” sobre os principais pontos abordados no texto, de autoria de Cleonara Maria Schwartz (Professora da Universidade Federal do Espírito Santo); Dania Monteiro Vieira Costa (Professora do Instituto Ensinar Brasil); Fernanda Zanetti Becali (Professora do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo).
Fazendo a leitura deste texto fiz relação com tudo o que vimos na interdisciplinar de “Alfabetização” e das ideias de Emília Ferreiro e me fez reafirmar a ideia do quão importante é a mediação do professor no processo de aquisição da leitura e da escrita das nossas crianças e o quão importante é construir ambientes escolares e das salas de aula que sejam suportes ao ensino da leitura e da escrita, no Ciclo de Alfabetização.
As práticas alfabetizadoras devem se constituir em articulação com os diversos usos que se fazem da leitura e da produção oral e escrita de textos na sociedade, já que é por meio da alfabetização que as crianças se inserem no mundo da escrita e, ao mesmo tempo, exercem a cidadania. A alfabetização inicial é um ponto de partida para a formação de cidadãos com condições de agirem de forma crítica e inventiva no mundo.
Antes de entrar na escola as crianças já mantem contato com muitas formas de escrita, umas mais outras menos. Crianças que vivem em contextos em que a escrita faz parte de inúmeras atividades cotidianas possivelmente conseguem compreender que as escritas significam algo, e, ao entrarem na escola, conseguem compreender com mais facilidade usos e funções sociais da escrita. Mas, há crianças cujas vivência em relação a escrita ficam restritas, por exemplo, a presenciar assinaturas de documentos ou a leitura de pequenas instruções que as orientam em alguma ação imediata. Por isso, para essas crianças, a escola é um lugar privilegiado para a vivencia de variadas situações de uso da escrita mais complexa. É na escola que a criança aprenderá a ler e a escrever, mas também para se comunicar com os outros com quem convive, para registrar ideias, para buscar informações, para ampliar as possibilidades de participação na vida social, para se divertir, para desenvolver a criticidade.
Vale destacar que, no interior da escola, a sala de aula não se constitui como o único espaço de aprendizagem da leitura e da escrita. Crianças e professores ensinam e aprendem em diferentes espaços e tempos, por isso é importante explorar as escritas que existem na comunidade: letreiros em lojas, placas de trânsito, nomes de ruas, placas de ônibus, propagandas, bem como outras formas de escrita que aparecem no entorno da escola. 
Para a exploração da linguagem escrita com as crianças e para uma organização adequada do trabalho pedagógico, o diálogo é o elemento central nas práticas, pois através dele compreendemos o que as crianças sabem sobre os usos que se fazem da escrita no meio social em que vivem. Este diálogo deve ser um diálogo que incentiva, que remodela o pensado e conduz a criança a participar ativamente do seu processo de aprendizagem, mas a escola, muitas vezes, constrói uma rotina com organização do conteúdo que limita a ação das crianças com a linguagem escrita, reduzindo suas possibilidades de expressão. 
Goulart (2006, p. 87) coloca que “às vezes, preocupadas em demasia com os conteúdos, não paramos para conhecer nossos alunos”. Por isso precisamos reconhecer que, considerar as crianças como sujeitas de direitos de aprendizagem em cotidianos escolares, é permitir-lhes a participação nos rumos de seu processo educativo, assegurando-lhes lugar de protagonistas ou de autoras durante esse processo, pois, só assim, deixam de ser objetos de situações de “ensinoaprendizagem” pensadas previamente pelos professores, para se tornarem sujeitos participantes do processo.
Por isso é preciso repensar as formas de organização do trabalho pedagógico na alfabetização e pensar a sala de aula, a escola, como espaços dialógicos, de modo que a interação entre as crianças e a professora possa ser facilitada. Se os espaços e/ou a organização dos alunos devem ser mais flexíveis, é necessário disponibilizar para as crianças uma diversidade de materiais portadores da linguagem escrita e de outras formas de linguagem e, ainda, uma diversidade de maneiras de dispor/usar esses materiais nas salas de aula de modo a permitir a leitura e a produção de textos.
Precisamos reforçar a relação das crianças com objetos portadores de escrita a começar pela nossa sala de aula: cartaz com os quatro tipos de alfabetos mais utilizados na escola e fora dela, fixado na altura das crianças; alfabeto móvel; calendário; cartaz de aniversariantes; cartaz do ajudante do dia; livros de literatura; papeis de carta para incentivar a escrita; cartaz com as orientações sobre a convivência na sala de aula; textos e letras de músicas trabalhados expostos na parede; fichas com o nome das crianças com a letra cursiva e de forma maiúscula; materiais como cadernos e livros; placas nomeando os objetos da sala de aula; entre outros. Como disse Emília Ferreiro em uma entrevista à Revista Nova Escola, cujos vídeos estão disponíveis no Youtube, precisamos despertar na criança o interesse em decifrar o que está escrito, por exemplo, em um livro, em uma placa de trânsito, em um cartaz, um letreiro de lojas e mercados, em um anúncio, entre outros. Desta forma a criança começa a criar concepções de escrita e começa a entender para que ela serve. Precisamos transformar o espaço da sala de aula em um ambiente alfabetizador. Demonstrar afeto pelo livro ao fazer uma leitura em voz alta para as crianças já desperta seu interesse por este material de leitura. Para que tudo isso ocorra é necessária a mediação do professor.
Quando pensamos no planejamento do trabalho educativo na alfabetização devemos levar em consideração as necessidades de aprendizagem que estão diretamente ligadas as respostas que damos a três questionamentos: O que ensinamos? Como ensinamos? Para que ensinamos? Ensinar as crianças a ler e a escrever é, acima de tudo, uma ação ética e responsável por parte dos atores que envolvem esse trabalho, na medida em que se reconhece a necessidade de reflexão e organização das ações necessárias para que efetivamente as crianças aprendam a ler e a escrever. 
Fonte da imagem: <http://uipi.com.br/noticias/geral/2013/04/02/professora-cria-projeto-em-sao-paulo-para-motivar-criancas-a-ler/> Acesso em 10/12/2016

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