domingo, 27 de dezembro de 2015

Experiência não feliz na escola

Hoje em dia temos sim muitas experiências felizes, mas considero como uma experiência não feliz, nos dias atuais, a participação da família na escola e na vida escolar das crianças e adolescentes. Se a família estimula o aprendizado e valoriza a escola, as crianças se alfabetizam com mais facilidade, aumentam seu rendimento e permanecem mais tempo na escola. Em suma, se os pais valorizam, as crianças aprendem a valorizar a escola também.
Saudades da minha escola 

            Quando ouço ou leio a respeito do termo “felicidade na escola” logo me vem à mente lembranças da minha infância. Cursei meus cinco primeiros anos escolares, da primeira a quinta série, em uma escola localizada na zona rural do município, hoje desativada. Minha mãe era a única professora da escola e exercia, além da função docente, a função de diretora e merendeira, sem esquecer, é claro, da faxina. O número máximo de alunos, somando todas as séries, nunca passou de 20.  Os alunos de 1ª a 3ª série estudavam na parte da tarde e os alunos de 4ª e 5ª série na parte da manhã. Muito difícil encontrar classe multisseriada hoje em dia. Todos os alunos, inclusive a professora, tinham um chinelo de pano na escola para não sujar a sala de aula, principalmente em dias chuvosos, com o barro da estrada que não era pavimentada na época. O calçado ficava na área coberta da escola. 
             Me recordo que fazíamos uma oração e cantávamos alguma música aprendida naquela semana, geralmente referindo-se à datas comemorativas no início da aula. Na hora do lanche, antes de sair, a professora, que era minha mãe, nos perguntava três operações da tabuada. Era uma forma de fazer com que estudássemos, afinal, ninguém queria mostrar diante da turma que não sabia a resposta. Após o lanche, cada aluno era responsável por lavar o seu utensílio utilizado para o lanche. A cada dia da semana havia uma dupla de alunos escalada para lavar a louça utilizada na confecção da merenda. 
              O recreio era uma festa. Brincávamos nos galhos das árvores do pátio.  Brincávamos com os pneus onde amarrávamos uma corda e brincávamos de carrinho. Brincávamos com bola no pequeno campinho ao lado da escola. Brincávamos de policial ao redor do prédio da escola onde alguns alunos eram os “policiais” e os demais os “motoristas” que utilizavam um bambolê confeccionado com mangueira para representar o volante. Estes, de vez em quando, não paravam ao ouvir a “voz de comando” do policial e precisavam pagar uma multa. O dinheiro para pagar a multa eram folhas das árvores. Eram tantas brincadeiras saudáveis e divertidas. 
             Na hora da saída, precisávamos deixar a sala limpa e organizada. Nessa hora também havia uma escalação: um aluno varria a sala, dois alunos varriam e limpavam com um pano a área coberta, outro aluno recolhia o lixo do banheiro e da sala de aula, um outro aluno limpava o pó dos móveis da sala. Os demais, com flanelas, lustravam o assoalho de madeira da sala de aula. Nossas carteiras eram protegidas com toalhas que cada um trazia de casa. 
            Na escola tínhamos uma horta com quatro canteiros onde cultivávamos temperos, ervas medicinais e saladas. Uma vez por mês nos reuníamos para cuidar da horta. Cada aluno trazia os instrumentos de casa como pá, enxada e ancinho. As mães, no início de cada semestre, faziam uma limpeza geral na escola. Os pais eram responsáveis pela manutenção do pátio. 
            Para mim, essa sim era uma experiência feliz na escola que me faz sentir muita saudade. Não era simplesmente uma escola, éramos uma comunidade escolar, pois todos se envolviam para cuidar e mantê-la. Era muito raro, mas raro mesmo, alguém faltar às aulas. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A EDUCAÇÃO INFANTIL NO ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS

Analisando o texto “Ampliação do ensino fundamental: a que demandas atende? A que regras obedece? A que racionalidades corresponde?” (MARCELLO, Fabiana de Amorim; BUJES, Maria Isabel Edelweiss) que trata do ensino fundamental de 9 anos com o ingresso de crianças a partir dos 6 anos de idade, as autoras colocam que “trazer crianças de 6 anos para ao ensino fundamental também coloca a educação infantil sob a luz dos refletores”. Ao meu ver, este termo significa que a educação infantil precisa se reorganizar em relação ao tempo, ao espaço e ao currículo como um todo, para que não seja tratada ou vista como escolarizante, mas sim como um espaço de interação social, de ludicidade, de convívio, de encantamento, de descobertas, de criatividade, de imaginação, onde as crianças possam aprender com todos essas experiências de uma maneira saudável e agradável, para que assim consigam compreender a si mesmas, o outro e o mundo.
Por que brincar é importante para a criança?

        Através do ato de brincar a criança estimula a criatividade, a imaginação e o prazer em brincar, e vai pouco a pouco construindo os circuitos da motricidade e da abstração, aprende a se organizar no tempo e no espaço, trabalhar em equipe, dividir brinquedos, respeitar as ideias e opiniões dos outros, esperar sua vez. Nas brincadeiras a criança experiência situações que vai levar para a sua vida.
       Importante também a interação entre crianças de diferentes idades na hora do brincar, permitir que elas elaborem suas brincadeiras e aprendam na interação com crianças maiores. Vygotsky (1989) destaca a importância do brincar colocando que esta prática tão comum nesta fase da vida cria a chamada zona de desenvolvimento proximal, impulsionando a criança para além do estágio de desenvolvimento que ela já atingiu.

domingo, 20 de dezembro de 2015


ADMINISTRAÇÃO SIMBÓLICA DA INFÂNCIA


A partir da leitura do texto “As culturas da infância nas encruzilhadas da 2ª modernidade”, de Manuel Jacinto Sarmento, pude conceituar o termo “administração simbólica da infância” como um conjunto de normas nem sempre formalizadas que regem o que é permitido e o que não é permitido a uma criança, mas, como diz o texto, são “prescrições nem sempre tomadas que condicionam ou constrangem a vida das crianças na sociedade”. Exemplos dessas normas são: acesso a lugares e alimentação permitidos ou não permitidos para crianças. Quando certos locais ou atividades não são permitidos as crianças, criam-se áreas reservadas para os adultos. O ofício da criança, deste modo, está vinculado à atividade escolar. A infância é uma etapa muito importante do desenvolvimento dos ser humano.
Acredito que ainda há lugar para as infâncias, mas não com um conjunto de normas a nível global o qual não considera que há uma pluralidade de crianças, de diferentes etnias, em diferentes condições sociais, de diferentes gêneros. É preciso permitir que as crianças sejam construtoras ativas do seu próprio lugar na sociedade por meio da interação, da ludicidade, do brincar de faz-de-conta, da reiteração.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Ratio Studiorum - o método pedagógico dos jesuítas

O Ratio Studiorum era um conjunto de normas criado a fim de definir as metodologias de ensino, as atividades e os métodos de avaliação nos colégios jesuíticos. Esse manual começou a ser elaborado em 1551. Sua última versão foi em 1599 e prevaleceu até a extinção da Companhia de Jesus, em 1773.
Este conjunto de normas dividia-se em 30 capítulos, abrangendo todas as atividades dos agentes envolvidos ao ensino, contendo ao todo, 467 regras. Nele estão contidas as regras do provincial, as regras do reitor, as regras do prefeito de estudos superiores, regras comuns a todos os professores das faculdades superiores, regras particulares dos professores das faculdades superiores, regras dos professores da faculdade de Filosofia, regras do prefeito de estudos inferiores, regras dos exames escritos, normas para a distribuição de prêmios, regras comuns aos professores das classes inferiores, regras particulares dos professores das classes inferiores, regras dos estudantes da Companhia, regras dos que repetem a teologia, regras do bedel, regras dos estudantes externos, regras das academias, regras do prefeito da academia dos teólogos e filósofos, regras das academia de retórica e humanidades, regras da academia dos gramáticos.
Além de apresentar todas estas regras e normas, o Ratio Studiorum trazia os níveis de ensino e as disciplinas que os alunos deveriam cumprir. Os níveis de ensino se classificavam em humanidades, Filosofia e Teologia. Segundo esse manual, o estudo era ministrado em cinco horas diárias, uma parte pela manhã e o restante a tarde.
A pedagogia estava baseada no Evangelho com a finalidade de formar homens católicos, de caráter, digno membro de família e profissionais capacitados. Os padres jesuítas não eram a favor dos castigos físicos, mas estes eram aplicados em casos muito graves, quando as palavras não conseguiam resolver o conflito. Ou seja, o castigo físico era um último recurso.
Em relação ao trabalho do professor, este era sempre ajudado por um aluno escolhido por se destacar nos estudos, os quais eram chamados de “decuriões”. A tarefa dos decuriões baseava-se em ajudar na organização dos grupos, controle da disciplina, correção das lições, entre outros. O Ratio Studiorum, na época, criou um novo estilo de educar.

REFERÊNCIA

TOYSHIMA, A.M. da S; Montagnoli, G.A; Costa, C.J. Algumas considerações sobre o Ratio Studiorum e a organização da educação nos colégios jesuíticos. Disponível em <http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais14/arquivos/textos/Comunicacao_Oral/Trabalhos_Completos/Ana_Toyshima_e_Gilmar_Montagnoli_e_Celio_Costa.pdf> Acesso em: 14/12/2015.