sábado, 28 de outubro de 2017

ACESSIBILIDADE: AINDA HÁ MUITOS OBSTÁCULOS

Ontem, dia 27 de outubro, na escola municipal em que trabalho, tivemos a oportunidade de conhecer e nos emocionar com a história de um jovem de 30 anos, paraplégico, vítima de um acidente de trânsito. O acidente aconteceu há 11 anos e, desde então, este jovem, que reside em uma cidade vizinha, teve uma completa mudança em sua vida. Com suas palavras, nos contou sobre os obstáculos que enfrentou e enfrenta nesta condição e sobre sua força de vontade em superá-los.
Desde 2013 ele atua como vereador do seu município. Na época seu benefício foi cessado e ele também voltou a trabalhar na empresa onde trabalhava na época do acidente. O jovem se formou em direito no ano passado.
Conforme nos contou, precisou fazer exigências para que a universidade adaptasse sua estrutura física a fim de que ele tivesse mobilidade dentro dela, coisa que antes não existia. Nos contou que em sua cidade não há acessibilidade, principalmente nas calçadas, e que muitas vezes, nos locais que possuem rampas de acesso, elas são construídas com ângulos de até 45º, ou seja, inacessíveis, podendo provocar um acidente.
Como vereador, precisa constantemente deslocar-se até a prefeitura, que também não possui acessibilidade. Ele está lutando para que providências sejam tomadas.
Nosso amigo sabe das leis, mas, como vive em cidade pequena e teria que acionar o ministério público para garantia dos seus direitos e, sabendo que o ministério público emitiria primeiramente uma notificação ao estabelecimento, prefere evitar possíveis mal-entendidos.
A falta de acessibilidade quase em todos os locais, inclusive repartições públicas nos chateia muito. Existe a lei para proteger as pessoas com necessidades especiais, mas a “cara feia” do dono do estabelecimento em tornar o local acessível é mais um obstáculo enfrentado no caso do nosso amigo.  
Após a primeira internação no hospital de reabilitação conhecido como Sarah, em Brasília, ele começou a lidar com sua situação de forma diferente e, pelas suas palavras, pela sua história, vemos que é uma pessoa com muita determinação e força de vontade que luta para vencer as barreiras de locomoção.
Nos contou também sobre a Lei 8213/91, que trata das cotas para deficientes nas empresas e que estas cumprem com a “lei” contratando pessoas com graus mínimos de deficiência como, por exemplo, a ausência de parte de um dos dedos da mão em vez de um cadeirante, por exemplo. A luta para acesso ao mercado de trabalho continua.
Em uma de suas falas ele falou do local escolhido para a posse como vereador do seu primeiro mandato: segundo andar de um prédio empresarial, com acesso somente por escadas. As pessoas se ofereceram para carregá-lo, mas isso o chateou, pois não é assim que se resolve a situação, ou seja, se resolve com acessibilidade. Não bastasse a primeira vez, aconteceu novamente na posse do seu segundo mandato.
Novamente trago aqui uma frase que coloquei em outra postagem: nossa sociedade ainda é marcada pelo desconhecimento do outro e nem sempre as pessoas estão dispostas a conhecer aquilo que não é espelho, e nem pensar no direito de todo cidadão à liberdade de ir e vir. 
Fonte da imagem: <http://www.casadaptada.com.br/2016/04/acessibilidade-x-ignorancia/> Acesso em 28/10/2017.

domingo, 22 de outubro de 2017

FALANDO DE CULTURA...

Cultura é, conforme o texto de Marilena Chaui, “Cultura e democracia”, produção e criação da linguagem, da religião, da sexualidade, dos instrumentos e das formas do trabalho, das formas da habitação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer, da música, da dança, dos sistemas de relações sociais, particularmente os sistemas de parentesco ou a estrutura da família, das relações de poder, da guerra e da paz, da noção de vida e morte. Mas, temos uma sociedade dividida em classes que impõe a divisão cultural: os grandes querem oprimir e comandar (cultura dominante), e o povo não quer ser oprimido nem mandado (cultura dominada). E esta cultura dominante e dominada é percebida nos valores dos bens culturais no mercado cultural: obras caras e raras para quem pode pagar por elas, e obras baratas e comuns para a classe dominada. Desta forma, a cultura não é garantida de forma igualitária a toda população. Até os jornais, programas de rádio e televisão selecionam o que cada grupo social deve ler, ouvir ou ver.  Importante o papel da escola, numa sociedade de classes, de analisar a forma como a cultura é vista e transmitida, já que é um direito do cidadão de ter acesso aos bens e obras culturais. 
Pessoas com deficiência têm direitos e autonomia para gerir suas vidas

A diversidade sempre existiu.  Precisamos ouvir de quem está na condição de deficiente sobre suas lutas contra as faltas de oportunidades e discriminação. Nossa sociedade ainda é marcada pelo desconhecimento do outro e nem sempre as pessoas estão dispostas a conhecer aquilo que não é espelho. Pessoas com deficiência têm autonomia e direito de fazer suas escolhas e de gerir suas vidas.
Ainda há muito por fazer para vencer as barreiras de locomoção e de aceitação social e profissional, já que o longo do tempo as pessoas com deficiência vêm sobrevivendo a muitas guerras. Pertencemos a uma sociedade resistente em mudar sua posição e que rotula e inferioriza as pessoas com deficiência atribuindo a elas escalas de valores. Muitas pessoas com deficiências não frequentam certos lugares feitos para os “normais”, em razão do preconceito ou da falta de acessibilidade.
Existe cota porque existe discriminação. Entrar no mercado do trabalho é uma das maiores dificuldades para as pessoas com deficiência. Sofrem de uma discriminação tão grande que precisam ser protegidas. Como? Pelas leis de cota. Mas que precisariam acabar. Não sabemos se ainda estaremos aqui quando isso acontecer, porque é um processo lento.  

domingo, 1 de outubro de 2017

EU TENHO UM SONHO
Estou assistindo a uma reportagem no Domingo Espetacular da Rede Record sobre uma boate que não permite a entrada de negros. A reportagem mostrou uma conversa em que alguém tira a foto de uma pessoa negra dentro da boate e perguntam: “quem deixou entrar?” Uma funcionária admitiu ter deixado a pessoa entrar e no dia seguinte foi demitida. A boate negou as informações. As correntes que aprisionavam os negros na época da escravidão estão presentes na intolerância de pessoas inferiores que se julgam superiores.

 Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter.

(Trecho do discurso feito por Martin Luther King em 28 de agosto de 1963)

 Fonte da imagem: <http://kids.nationalgeographic.com/explore/history/martin-luther-king-jr/> Aesso em 01/10/2017
NÃO NASCEMOS RACISTAS!

Fazendo nosso vídeo para a interdisciplina de Questões étnico-raciais na educação: sociologia e história, nossa entrevistada, uma atendente de creche afrodescendente, nos relata uma situação de racismo vivenciada por ela. Em um momento do vídeo, ela coloca que no seu local de trabalho, onde trabalha há 27 anos, nunca sofre discriminação, nem das colegas nem das crianças. Então logo pensei na seguinte frase: não se nasce racista. Aprende-se essa intolerância com essa sociedade intolerante em sua maioria, não somente com negros, mas com opção sexual, condições físicas limitadas, classe social, entre tantas outras formas.
POR UMA SOCIEDADE MAIS TOLERANTE! PAIS, “EDUQUEM” SEUS FILHOS! RSPEITO ACIMA DE TUDO!

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”.

Nelson Mandela
FONTE DA IMAGEM: <http://www.sahistory.org.za/people/nelson-rolihlahla-mandela> Acesso em 01/10/2017
CASA CONSTRUTIVISTA E NÃO CONSTRUTIVISTA: EU FIZ PARTE!

O texto “O construtivismo e sua função educacional” de Lino de Macedo faz uma comparação entre o construtivismo e o não construtivismo partindo do pressuposto de que são duas visões opostas. Enquanto que o construtivismo valoriza as ações do sujeito, as visões não construtivistas do conhecimento valorizam a transmissão e tem a linguagem como seu recurso mais primoroso. Não é uma condenação da linguagem, porque, muitas vezes, é único meio de dispormos de algumas informações, mas o problema é o lugar que ela ocupa na produção de um conhecimento: em se tratando da perspectiva não construtivista, seu lugar é o mais importante.
Mas o que mais me chamou a atenção neste texto é descrição que o autor faz da casa "construtivista" e "não construtivista" simultaneamente, da qual posso afirmar que fiz parte (por que o autor chama de um passado não tão passado) e que a maioria das crianças de hoje não são contempladas com esse tipo de “casa”. Ele coloca que “ havia um tempo em que casa, oficina e escola ocupavam um mesmo lugar e nelas tudo se fazia e compreendia”. Os mais velhos transmitiam as lições de vida aos mais jovens e os mais jovens participavam das tarefas domésticas com a família como cuidar das galinhas, da horta, preparar a comida, ajudar na ordenha das vacas, na roça, na limpeza da casa, entre tantas outras tarefas que, para as crianças desta época erma necessárias assim como as brincadeiras. As histórias da família eram contadas nas mais variadas versões pelos mais velhos. As famílias eram grandes e seus membros muito próximos. Havia grande socialização: as igrejas representavam um espaço cultural com suas festas e procissões, assim como a vizinhança com as brincadeiras, jogos, caçadas, entre outros. As transmissões, em sua maioria eram orais e fornecidas por alguém querido e respeitável, ao mesmo tempo em que ocorriam ações produtivas. Este é o exemplo de uma casa "construtivista" e "não construtivista" a que o autor se refere, onde tinha-se duas perspectivas que se complementavam.
Hoje em dia não é mais assim. As famílias são pequenas, os adultos trabalham fora, muitas vezes com mais de um emprego, e sobra pouco tempo para estar em casa. Quando estão em casa, é necessário cuidar da casa e dos filhos. As pessoas cansadas somando ao aparelho televisor são fatores que competem entre si para tirar tempo das relações entre os moradores da casa. Pouco se conhece sobre os vizinhos e dificilmente encontram-se com parentes, já que moram longe e custa caro para visitá-los. Nessas relações familiares, há maior presença de desavenças. Além disso, poucas coisas são produzidas em casa: compra-se alimentos prontos ou semiprontos, reduz-se o tempo dedicado às tarefas domésticas, já que o tempo em que se está em casa é curto.  A escola é quem dá as instruções, que devem ser breves, seriadas e eficientes. Pouco de bom se pode retirar das relações, já que são, em sua maioria, formais e objetivas, nem mesmo com os vizinhos e colegas da escola. Percebe-se então que temos um passado simultaneamente construtivista e não construtivista, e um presente, pouco construtivista.
Também não podemos generalizar as famílias, pois ainda há aquelas que organizam o tempo de forma que consigam viver e dar lições de vida para seus filhos, para contar histórias, para fazerem coisas juntas. Como podemos ajudar as crianças de hoje, que vivem em casas não construtivistas? A escola precisa ser construtivista, já que a casa não é mais. Que sejamos professores construtivistas, valorizando a informação contextualizada da criança, traindo a cartilha e inventando um número de outros recursos para aprendizagem do ler, escrever e contar.

Fonte da imagem: <https://br.pinterest.com/pin/334955291025663500/> Acesso em 01/10/2017