domingo, 1 de outubro de 2017

CASA CONSTRUTIVISTA E NÃO CONSTRUTIVISTA: EU FIZ PARTE!

O texto “O construtivismo e sua função educacional” de Lino de Macedo faz uma comparação entre o construtivismo e o não construtivismo partindo do pressuposto de que são duas visões opostas. Enquanto que o construtivismo valoriza as ações do sujeito, as visões não construtivistas do conhecimento valorizam a transmissão e tem a linguagem como seu recurso mais primoroso. Não é uma condenação da linguagem, porque, muitas vezes, é único meio de dispormos de algumas informações, mas o problema é o lugar que ela ocupa na produção de um conhecimento: em se tratando da perspectiva não construtivista, seu lugar é o mais importante.
Mas o que mais me chamou a atenção neste texto é descrição que o autor faz da casa "construtivista" e "não construtivista" simultaneamente, da qual posso afirmar que fiz parte (por que o autor chama de um passado não tão passado) e que a maioria das crianças de hoje não são contempladas com esse tipo de “casa”. Ele coloca que “ havia um tempo em que casa, oficina e escola ocupavam um mesmo lugar e nelas tudo se fazia e compreendia”. Os mais velhos transmitiam as lições de vida aos mais jovens e os mais jovens participavam das tarefas domésticas com a família como cuidar das galinhas, da horta, preparar a comida, ajudar na ordenha das vacas, na roça, na limpeza da casa, entre tantas outras tarefas que, para as crianças desta época erma necessárias assim como as brincadeiras. As histórias da família eram contadas nas mais variadas versões pelos mais velhos. As famílias eram grandes e seus membros muito próximos. Havia grande socialização: as igrejas representavam um espaço cultural com suas festas e procissões, assim como a vizinhança com as brincadeiras, jogos, caçadas, entre outros. As transmissões, em sua maioria eram orais e fornecidas por alguém querido e respeitável, ao mesmo tempo em que ocorriam ações produtivas. Este é o exemplo de uma casa "construtivista" e "não construtivista" a que o autor se refere, onde tinha-se duas perspectivas que se complementavam.
Hoje em dia não é mais assim. As famílias são pequenas, os adultos trabalham fora, muitas vezes com mais de um emprego, e sobra pouco tempo para estar em casa. Quando estão em casa, é necessário cuidar da casa e dos filhos. As pessoas cansadas somando ao aparelho televisor são fatores que competem entre si para tirar tempo das relações entre os moradores da casa. Pouco se conhece sobre os vizinhos e dificilmente encontram-se com parentes, já que moram longe e custa caro para visitá-los. Nessas relações familiares, há maior presença de desavenças. Além disso, poucas coisas são produzidas em casa: compra-se alimentos prontos ou semiprontos, reduz-se o tempo dedicado às tarefas domésticas, já que o tempo em que se está em casa é curto.  A escola é quem dá as instruções, que devem ser breves, seriadas e eficientes. Pouco de bom se pode retirar das relações, já que são, em sua maioria, formais e objetivas, nem mesmo com os vizinhos e colegas da escola. Percebe-se então que temos um passado simultaneamente construtivista e não construtivista, e um presente, pouco construtivista.
Também não podemos generalizar as famílias, pois ainda há aquelas que organizam o tempo de forma que consigam viver e dar lições de vida para seus filhos, para contar histórias, para fazerem coisas juntas. Como podemos ajudar as crianças de hoje, que vivem em casas não construtivistas? A escola precisa ser construtivista, já que a casa não é mais. Que sejamos professores construtivistas, valorizando a informação contextualizada da criança, traindo a cartilha e inventando um número de outros recursos para aprendizagem do ler, escrever e contar.

Fonte da imagem: <https://br.pinterest.com/pin/334955291025663500/> Acesso em 01/10/2017

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