CASA
CONSTRUTIVISTA E NÃO CONSTRUTIVISTA: EU FIZ PARTE!
O texto “O construtivismo e
sua função educacional” de Lino de Macedo faz uma comparação entre o construtivismo
e o não construtivismo partindo do pressuposto de que são duas visões opostas. Enquanto
que o construtivismo valoriza as ações do sujeito, as visões não
construtivistas do conhecimento valorizam a transmissão e tem a linguagem como seu
recurso mais primoroso. Não é uma condenação da linguagem, porque, muitas vezes,
é único meio de dispormos de algumas informações, mas o problema é o lugar que
ela ocupa na produção de um conhecimento: em se tratando da perspectiva não
construtivista, seu lugar é o mais importante.
Mas o que mais me chamou a
atenção neste texto é descrição que o autor faz da casa "construtivista"
e "não construtivista" simultaneamente, da qual posso afirmar que fiz
parte (por que o autor chama de um passado não tão passado) e que a maioria das
crianças de hoje não são contempladas com esse tipo de “casa”. Ele coloca que “
havia um tempo em que casa, oficina e escola ocupavam um mesmo lugar e nelas
tudo se fazia e compreendia”. Os mais velhos transmitiam as lições de vida aos
mais jovens e os mais jovens participavam das tarefas domésticas com a família como
cuidar das galinhas, da horta, preparar a comida, ajudar na ordenha das vacas,
na roça, na limpeza da casa, entre tantas outras tarefas que, para as crianças
desta época erma necessárias assim como as brincadeiras. As histórias da
família eram contadas nas mais variadas versões pelos mais velhos. As famílias
eram grandes e seus membros muito próximos. Havia grande socialização: as igrejas
representavam um espaço cultural com suas festas e procissões, assim como a
vizinhança com as brincadeiras, jogos, caçadas, entre outros. As transmissões,
em sua maioria eram orais e fornecidas por alguém querido e respeitável, ao
mesmo tempo em que ocorriam ações produtivas. Este é o exemplo de uma casa "construtivista"
e "não construtivista" a que o autor se refere, onde tinha-se duas
perspectivas que se complementavam.
Hoje em dia não é mais assim. As
famílias são pequenas, os adultos trabalham fora, muitas vezes com mais de um
emprego, e sobra pouco tempo para estar em casa. Quando estão em casa, é
necessário cuidar da casa e dos filhos. As pessoas cansadas somando ao aparelho
televisor são fatores que competem entre si para tirar tempo das relações entre
os moradores da casa. Pouco se conhece sobre os vizinhos e dificilmente
encontram-se com parentes, já que moram longe e custa caro para visitá-los. Nessas
relações familiares, há maior presença de desavenças. Além disso, poucas coisas
são produzidas em casa: compra-se alimentos prontos ou semiprontos, reduz-se o
tempo dedicado às tarefas domésticas, já que o tempo em que se está em casa é
curto. A escola é quem dá as instruções,
que devem ser breves, seriadas e eficientes. Pouco de bom se pode retirar das
relações, já que são, em sua maioria, formais e objetivas, nem mesmo com os
vizinhos e colegas da escola. Percebe-se então que temos um passado simultaneamente
construtivista e não construtivista, e um presente, pouco construtivista.
Também não podemos generalizar
as famílias, pois ainda há aquelas que organizam o tempo de forma que consigam viver
e dar lições de vida para seus filhos, para contar histórias, para fazerem
coisas juntas. Como podemos ajudar as crianças de hoje, que vivem em casas não
construtivistas? A escola precisa ser construtivista, já que a casa não é mais.
Que sejamos professores construtivistas, valorizando a informação
contextualizada da criança, traindo a cartilha e inventando um número de outros
recursos para aprendizagem do ler, escrever e contar.
Fonte da imagem: <https://br.pinterest.com/pin/334955291025663500/> Acesso em 01/10/2017
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