Infância soft
Lendo o texto “Retratos de uma infância contemporânea: os bebês nos artefatos visuais”
(BORGES, Camila Bettim; CUNHA, Susana Rangel Vieira da) caracterizo a infância
soft como sendo aquela que se refere apenas às crianças brancas, de cabelo
claro, olhos azuis, com um corpo perfeito, delicadas, suaves, felizes, bem
cuidadas, inocentes, belas e que provocam sensação de ternura ao olhar, as
quais são usadas principalmente em campanhas publicitárias para venda de artefatos
e, por este motivo, caracterizam-se como um padrão de corpo bonito, gerando uma
idealização do que seja o bebê.
Sabe-se que na contemporaneidade as
imagens falam, mostram e constituem pontos de vista, ou seja, estas imagens “ensinam
o nosso olhar” segundo o texto, e a publicidade se apoia nestas imagens
significadas culturalmente que sugerem apenas um padrão de infância e se
aproveitam delas, já que estamos acostumados com estes padrões, para que seus
artefatos tenham mais credibilidade.
Essas imagens (propagandas) sugerem que
existe apenas um modelo de criança e que este seria o padrão. Mas, onde
estariam as outras? Onde estariam as infâncias escondidas? Esta infância soft
não acontece para todos que passam por esta fase da vida, já que existem outras
crianças, outras etnias, outros corpos. Estas outras crianças estariam servindo
apenas como modelo daquilo que não queremos que as crianças sejam?
Sim, estes bebês usados na publicidade
são realmente lindos, mas ao mesmo tempo em que os admiramos estamos praticando
uma exclusão já que crianças magras, prematuras, índias, negras, desfiguradas
existem, mas não as vemos em nenhum tipo de publicidade e em algum momento
teremos que nos confrontar com elas. Estamos praticando exclusão com um ser que
ainda não tem como se defender.