AS
CIÊNCIAS E A VIDA SUSTENTÁVEL
Em uma das tarefas da interdisciplina de
Representação do Mundo pelas Ciências Naturais, fomos convidadas a fazer a
leitura de dois textos: um de Gersem Baniwa sobre A Ciência e os Conhecimentos
Tradicionais, da página 169 a 171 do Livro
- O índio brasileiro: O que você precisa saber sobre os povos indígenas
no Brasil de hoje; o outro de Laiz Wediggen e Paulo Sérgio da Silva sobre
"Educação e respeito ao meio ambiente: a perspectiva emancipatória da
Educação na comunidade remanescente de quilombos de Casca" nas páginas 75 e 76 do livro PROEJA
Quilombola. Além disso, visualizamos imagens em Power point sobre a construção
da hidrelétrica de Itaipu. Após a leitura a visualização das imagens, fizemos
uma reflexão sobre as relações entre visão de mundo e de natureza e as ciências
e sua utilização para a vida sustentável.
Para os povos indígenas, “a base primordial é a
natureza/mundo”. Se hoje os povos indígenas dependem do Estado para sobreviver,
isso é consequência do “violento processo de colonização” que sofreram e
continuam sofrendo.
Precisamos sim de avanços científicos e
tecnológicos, mas não a ponto de nos custar a manutenção da vida nos próximos
anos. Estamos começando a sofrer consequências da exploração demasiada dos
recursos naturais. Lembro que assisti uma reportagem na época da forte seca em
São Paulo e que o desmatamento na Amazônia seria um dos responsáveis pela seca.
Isso porque as árvores da Amazônia, no processo de transpiração, liberam vapor
d’água na atmosfera, formando nuvens. Essas nuvens viajam pelo resto da América
do Sul. A cordilheira dos Andes Impede que elas escapem para o Oceano Pacífico,
desta forma chegam até sul e sudeste do Brasil. Essas nuvens formadas pelo
vapor d’água liberado pelas árvores da Amazônia formam verdadeiros rios
voadores. Com o desmatamento de 20% da floresta, a capacidade destas nuvens de
chegar até a região sudeste fica comprometida. Claro que o desmatamento na
Amazônia não é o único fator responsável, mas aponta sinais de que desafiar as
leis da natureza nos traz consequências.
E o que fazemos? Nós desafiamos as leis a
natureza. Vendo as imagens da construção da hidrelétrica de Itaipu lembrei-me
de uma disciplina que cursei na outra graduação sobre os impactos ambientais na
construção das hidrelétricas, que são irreversíveis, mas um conteúdo que
discuto também com os meus alunos. Toda hidrelétrica precisa de um reservatório
que, quando criado, afeta diretamente a paisagem, a fauna e a flora local. O
reservatório de Itaipu inundou uma área de 1500 km2 de florestas e terras
agriculturáveis, além de inundar uma das mais fascinantes formações naturais do
planeta, a cachoeira de Sete Quedas.
Muitas árvores são cortadas ou ficam submersas
para o enchimento do reservatório. A retirada destas árvores pode afetar o
clima local, que pode ficar mais aquecido e ainda prejudicar o regime normal de
chuvas.
Muitas espécies animais são remanejadas para
outros locais, mas não conseguem adaptar-se ao novo habitat e acabam morrendo. As
espécies de peixes também são afetadas pois o fluxo natural desses animais é prejudicado,
podendo ocasionar um desequilíbrio, ou seja, predominância de algumas espécies
em relação a outras. Muitos peixes nadam no sentido contrário do leito do rio
para depositar seus ovos, mas são barrados ao encontrarem o muro das barragens.
Este trecho do texto “A Ciência e os
Conhecimentos Tradicionais” explica muita coisa sobre as modificações do homem
nas paisagens naturais: “o método preferencial das ciências indígenas é a visão
da totalidade do mundo. O indivíduo deve buscar compreender e conhecer ao
máximo o funcionamento da natureza, não para dominá-la e controlá-la, mas para
seguir e respeitar sua lógica, seus limites e potencialidades em benefício de
sua própria vida enquanto ser preferencial e privilegiado na criação”.
Fonte da imagem: <https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZg674cWBwwb35oLmUX75txiUD2VGYmBVZrdokovuIO87JlzyAGTtPgi9UHgLqwNmcArSmE2AQNWAB5wN1Jp-TnsfagBH3y1nRHbg7Fvwoa2Fz9fvz02aRnV50ZxrCOdnZArAtACDdyLA/s1600/9.jpg> Acesso em 15/11/2016
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Paula,
ResponderExcluirÓtimas suas reflexões sobre as leituras sugeridas!
Acredito que nós é que temos muito a aprender com a cultura indígena como preservar, respeitar e conviver em harmonia com a natureza.
É pensando criticamente a prática de hoje, que nós professores, podemos contribuir para melhorar as práticas futuras.
Abraço, Tutora Tais