GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA NO
ENSINO BÁSICO
Na interdisciplina de “representação do mundo pelos
Estudos Sociais” fomos convidadas a fazer a leitura do texto “Geografia e a
cartografia escolar no ensino básico: uma relação complexa - percursos e
possibilidades”, o qual trata de um trabalho realizado com alunos do 7º ano de
duas escolas, uma pública e outra privada” para detectar possíveis deficiências
dos alunos em relação à alfabetização cartográfica.
Um aluno competente em Geografia consegue
utilizar suas habilidades espaciais e estabelece relações entre os elementos
geográficos que compõem o espaço. Muitos adultos apresentam dificuldades em se
orientar, ou seja, a aplicação do conhecimento adquirido na época da escola não
acontece.
Reconhecer referências é fundamental para a
memória espacial. Quando passamos por um local pela primeira vez a memória
precisa ser ativada e algum ponto visível precisa se tornar referência e ser
reconhecido ao voltarmos ao local. O reconhecimento deste ponto é a capacidade
de conservação de um conhecimento. Para que essa competência seja colocada em
prática na vida adulta é necessário desenvolver habilidades desde a Educação
Infantil e Anos Iniciais. Mas que habilidades? Habilidades de reconhecimento
espacial como a lateralidade, a percepção de imagens em diversos pontos de
vista, as relações de distância, a interlocução de quadros paisagísticos, o
ordenamento de pontos de referência e entre outros.
Na área da Cartografia e da Geografia, os
conceitos trazidos por Jean Piaget na Epistemologia Genética contribuem para a
compreensão dos processos que permitem a construção do conhecimento:
assimilação, acomodação, equilibração, desequilibração, reversibilidade,
abstração reflexionante e objetivação. Basnado-se nos conceitos de Piaget,
conhecer não é apenas fazer uma cópia do real, mas agir sobre ele,
compreendendo-o e transformando-o.
Até os 7 anos o aluno deve construir a relações
topológicas, onde trabalha com as noções de vizinhança. Até os 10 anos o aluno
deve atingir a relação projetiva, onde consegue ter noções de projeção, que
pode mudar de acordo com o seu ponto de vista, ordenação de objetos, percepção
das distâncias, comprimento, estabelecimento de medidas. A partir dos 10 anos o
aluno precisa começar a construir as relações euclidianas, podendo distinguir
com mais segurança e referência o que está perto, o que está longe, devendo
trazer as percepções anteriormente construídas. Uma atividade interessante e
indispensável é trabalhar com mapas mentais a partir do espaço onde os alunos
vivem ou do caminho percorrido até a escola para que eles possam se localizar a
partir de elementos que fazem parte do seu cotidiano.
A atividade aplicada aos alunos nas duas
escolas e que está descrita no texto é a seguinte: “Atenção, esta foto
refere-se a um ponto ao redor da sua escola. Você vai observar a foto,
identificar o local fotografado e observar os elementos que compõe esta
paisagem. A seguir faça a continuação desta paisagem até chegar a sua escola,
inserindo todos os equipamentos urbanos que você lembra, inclusive elementos
naturais. Após realizado o desenho, oriente a foto, empregando referenciais
espaciais que você lembrar. ” Após a atividade, os alunos puderam comparar o
seu trabalho com as imagens do Google Earth.
Passeios, saídas a campo no entorno
da escola são importantes para o aluno reconhecer alguns pontos de referência.
Aprender cartografia não é apenas usar mapas na sala de aula, mas, antes disso,
fazer uma análise geográfica do lugar onde vive/estuda e representar estes
espaços, afinal, só saberá compreender um mapa quem sabe fazer um mapa.
Nos anos iniciais além de trabalhar
com noções de lateralidade, percepção espacial, entre outros, pode-se construir
plantas baixas a partir de situações concretas, como uma maquete do entorno da
escola, da sala de aula ou da sua casa. Isto quer dizer que a educação
geográfica tem início já nos anos iniciais e é o primeiro passo para que os
alunos desenvolvam conceitos geográficos.
Fonte:
CASTROGIOVANNI, Antonio; COSTELLA, Roselane. Geografia e a cartografia escolar
no ensino básico: uma relação complexa - percursos e possibilidades. In:
SEBASTIÁ, Rafael; TONDA, Emilia. La investigación e innovación en la enseñanza
de la Geografía. Alicante: UNE, 2016, p.15-26
Fonte
da imagem: <http://museuvirtualeducampo.blogspot.com.br/2013/04/maquete-do-entorno-da-escola-alarico.html>
Acesso em 09/10/2016