domingo, 9 de outubro de 2016

GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA NO ENSINO BÁSICO

Na interdisciplina de “representação do mundo pelos Estudos Sociais” fomos convidadas a fazer a leitura do texto “Geografia e a cartografia escolar no ensino básico: uma relação complexa - percursos e possibilidades”, o qual trata de um trabalho realizado com alunos do 7º ano de duas escolas, uma pública e outra privada” para detectar possíveis deficiências dos alunos em relação à alfabetização cartográfica.
Um aluno competente em Geografia consegue utilizar suas habilidades espaciais e estabelece relações entre os elementos geográficos que compõem o espaço. Muitos adultos apresentam dificuldades em se orientar, ou seja, a aplicação do conhecimento adquirido na época da escola não acontece.
Reconhecer referências é fundamental para a memória espacial. Quando passamos por um local pela primeira vez a memória precisa ser ativada e algum ponto visível precisa se tornar referência e ser reconhecido ao voltarmos ao local. O reconhecimento deste ponto é a capacidade de conservação de um conhecimento. Para que essa competência seja colocada em prática na vida adulta é necessário desenvolver habilidades desde a Educação Infantil e Anos Iniciais. Mas que habilidades? Habilidades de reconhecimento espacial como a lateralidade, a percepção de imagens em diversos pontos de vista, as relações de distância, a interlocução de quadros paisagísticos, o ordenamento de pontos de referência e entre outros.
Na área da Cartografia e da Geografia, os conceitos trazidos por Jean Piaget na Epistemologia Genética contribuem para a compreensão dos processos que permitem a construção do conhecimento: assimilação, acomodação, equilibração, desequilibração, reversibilidade, abstração reflexionante e objetivação. Basnado-se nos conceitos de Piaget, conhecer não é apenas fazer uma cópia do real, mas agir sobre ele, compreendendo-o e transformando-o.
Até os 7 anos o aluno deve construir a relações topológicas, onde trabalha com as noções de vizinhança. Até os 10 anos o aluno deve atingir a relação projetiva, onde consegue ter noções de projeção, que pode mudar de acordo com o seu ponto de vista, ordenação de objetos, percepção das distâncias, comprimento, estabelecimento de medidas. A partir dos 10 anos o aluno precisa começar a construir as relações euclidianas, podendo distinguir com mais segurança e referência o que está perto, o que está longe, devendo trazer as percepções anteriormente construídas. Uma atividade interessante e indispensável é trabalhar com mapas mentais a partir do espaço onde os alunos vivem ou do caminho percorrido até a escola para que eles possam se localizar a partir de elementos que fazem parte do seu cotidiano.
A atividade aplicada aos alunos nas duas escolas e que está descrita no texto é a seguinte: “Atenção, esta foto refere-se a um ponto ao redor da sua escola. Você vai observar a foto, identificar o local fotografado e observar os elementos que compõe esta paisagem. A seguir faça a continuação desta paisagem até chegar a sua escola, inserindo todos os equipamentos urbanos que você lembra, inclusive elementos naturais. Após realizado o desenho, oriente a foto, empregando referenciais espaciais que você lembrar. ” Após a atividade, os alunos puderam comparar o seu trabalho com as imagens do Google Earth.
     Passeios, saídas a campo no entorno da escola são importantes para o aluno reconhecer alguns pontos de referência. Aprender cartografia não é apenas usar mapas na sala de aula, mas, antes disso, fazer uma análise geográfica do lugar onde vive/estuda e representar estes espaços, afinal, só saberá compreender um mapa quem sabe fazer um mapa.
           Nos anos iniciais além de trabalhar com noções de lateralidade, percepção espacial, entre outros, pode-se construir plantas baixas a partir de situações concretas, como uma maquete do entorno da escola, da sala de aula ou da sua casa. Isto quer dizer que a educação geográfica tem início já nos anos iniciais e é o primeiro passo para que os alunos desenvolvam conceitos geográficos.

Fonte: CASTROGIOVANNI, Antonio; COSTELLA, Roselane. Geografia e a cartografia escolar no ensino básico: uma relação complexa - percursos e possibilidades. In: SEBASTIÁ, Rafael; TONDA, Emilia. La investigación e innovación en la enseñanza de la Geografía. Alicante: UNE, 2016, p.15-26



Fonte da imagem: <http://museuvirtualeducampo.blogspot.com.br/2013/04/maquete-do-entorno-da-escola-alarico.html> Acesso em 09/10/2016

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