TRABALHANDO
COM PROJETOS
Neste ano a secretaria de
educação do município está investindo em formação a fim orientar o
desenvolvimento de projetos ou propostas interdisciplinares nas escolas. Na escola
onde trabalho, dentro da temática geral, cada turma está desenvolvendo um
projeto de forma interdisciplinar.
Depois
de uma reunião pedagógica na qual foi definido o projeto geral e estratégias
para desenvolvê-lo abrangendo a organização geral da escola, os professores
reuniram-se para definir o que seria desenvolvido em cada série. No 6º ano da
escola temos alguns problemas de indisciplina que, em certos momentos,
compromete o andamento da aula. Diante disso, inicialmente houve uma resistência
dos professores em desenvolver um projeto com aquelas duas turmas de 6º ano e
se responsabilizar pela culminância do mesmo na Mostra de Trabalhos da escola. Foi
necessária uma mediação por parte da direção. Como, nas outras turmas, os
professores se dividiram para não sobrecarregar o trabalho, por exemplo, 3 a 4 professores
desenvolvendo o projeto interdisciplinar envolvendo 3 a 4 disciplinas, foi
decidido que no 6º ano, todos se responsabilizariam pelo desenvolvimento do
projeto.
Mas o que quero destacar desse
impacto inicial e da mediação que foi necessário realizar, o 6º ano é a série
que mais está desenvolvendo atividades a partir do projeto “Ora bolas” que
envolve as duas turmas. Nesse projeto, o objeto de estudo é a bola, partindo do
interesse dos alunos pelo esporte, principalmente o futebol. Muitas meninas
inclusive se destacam no esporte e fazem escolinha de futebol.
A partir desse objeto de
estudo, várias atividades estão sendo desenvolvidas. Nas disciplinas estão
estudando a origem da bola, materiais com os quais pode ser confeccionada, as
bolas já usadas durante as copas do mundo, a origem do futebol, gírias do
futebol. Em Geografia, por exemplo, explorando o formato da bola e as copas do
mundo, a professora trabalhou com o globo terrestre. Foi proporcionado aos alunos palestras com dois
ex-jogadores que hoje moram na região e atuam em escolinhas de futebol, além de
fazer intercâmbio entre meninos que desejam ser jogadores com clubes para fazer
testes. Aos alunos, falaram sobre sua história de vida, abordaram questões como
dificuldades pelas quais passaram e que não se deve desistir dos sonhos, além
de disciplina que a vida de jogador impõe. Participaram de uma conversa com uma
moradora do bairro para verificar o processo de costura à mão de uma bola. Visitaram
uma fábrica de bolas para conhecer o processo de construção de uma bola, desde
a montagem do material, corte e design das peças, fechamento e acabamento. Lá também
aprenderam sobre exportação e os motivos pelos quais a empresa, muitas vezes,
opta por importar (encomendar) produtos de outros países com a sua logomarca. Aprenderam
os diferentes formatos de peças que podem constituir uma bola, mas souberam
nomear as peças tradicionais de uma bola e a quantidade necessária: 12
pentágonos e 20 hexágonos, já que a professora de matemática aproveitou o
projeto para estudar as formas geométricas anteriormente em suas aulas. Além disso,
conheceram o processo de confecção e uma bola colada, ou seja, sem costura. Surpreenderam,
durante as visitas, os questionamentos dos alunos: eles tinham curiosidade! E curiosidade
gera aprendizado.
Diante dos problemas de
indisciplina que a turma apresenta, é claro que outras medidas foram tomadas,
mas mudar o foco dos alunos para o conhecimento a partir do interesse dos
alunos está trazendo resultados.
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